A crise sanitária e econômica desencadeada pela Covid-19 levou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial no Rio Grande do Norte (SENAI-RN) a um grande período de transformações, mas não foi capaz de deter investimentos, projetos e ações em ensino, pesquisa, desenvolvimento e inovação no estado.

 

Um balanço das estratégias encampadas ao longo do período, e dos resultados alcançados, foi apresentado na quinta-feira (02) pelo diretor do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (SENAI/CTGAS-ER), Rodrigo Mello, no 6º Fórum Estadual de Energias do Rio Grande do Norte. Participante do painel “Capacitação e Inovação no Setor Energético do RN em tempos de pandemia”, ele explicou que “o SENAI-RN não podia parar”.

 

“O desafio colocado naquele momento de decreto de pandemia era sem precedentes, porque a gente ensina as pessoas a fazerem na prática. Elas aprendem a fazer fazendo e já não podiam mais ir para dentro dos laboratórios”, disse Mello. “Então, a gente tinha que construir uma estrutura de ensino que a gente não sabia de que tamanho seria nem por quanto tempo seria. O que a gente sabia é que tinha que transformar o professor analógico em digital e viabilizar o aprendizado do aluno independente de onde ele estivesse”.

 

Referências do SENAI no Brasil em pesquisa, desenvolvimento, inovação e soluções de educação em energias e gás, o ISI-ER e o CTGAS-ER se viram em meio a regras de isolamento social que fecharam escolas, empresas e diversos outros estabelecimentos, mas, com atuação centrada em indústrias essenciais para abastecer a população – que cresciam e crescem a passos largos – tiveram que se adaptar, lembra ele.

 

“As pessoas estavam dentro de casa, querendo gás e mais energia. Várias correram para a energia solar, para baratear a conta, as empresas continuaram instalando os sistemas de geração de energia nas casas, os parques eólicos continuavam em construção”.

 

Adaptações para seguir
Em meio a esse turbilhão, a formatação de cursos de ensino à distância avançou, uma plataforma digital específica para transmissão de aulas foi criada, novas metodologias entraram em cena, assim como ferramentas online para reuniões e engajamento de equipes e estudantes viraram rotina. A modalidade EAD, que detinha participação de 30% nas ofertas de educação, passou a representar mais da metade (55%). Hoje corresponde a uma fatia de 45%.

 

Outras mudanças foram implementadas. A certificação profissional que o SENAI-RN e o CTGAS-ER desenvolveram de forma exclusiva no Brasil com a Alemanha, por exemplo, passou por adaptações temporárias, que possibilitaram a continuidade do processo a despeito do isolamento social. As provas são voltadas a instaladores de sistemas fotovoltaicos, os profissionais que instalam sistemas de geração de energia solar, e têm como objetivo atestar se executam o serviço com qualidade e adotando boas práticas.

 

“Montamos na casa de cada candidato um tripé e um tablet, para que fizessem as provas acompanhados pela banca avaliadora: um instrutor de educação nosso, que estava dentro do Centro, um representante da indústria, que estava dentro da indústria, e um representante da Alemanha acompanhando direto de lá. Não paramos um único dia”, disse Mello. O processo voltou a ser presencial neste ano, com um representante da Alemanha assistindo à avaliação de forma remota.

 

O CTGAS-ER, disse o diretor, formou mais de 7 mil profissionais para a indústria em 2020, quando a pandemia foi decretada, e investiu aproximadamente R$ 6 milhões em atualização tecnológica nos laboratórios de educação. O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, por sua vez, contratou mais de R$ 20 milhões em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação com empresas do setor de energia ao longo do período.

 

“Completamos as Instalações do ISI, o inauguramos oficialmente, criamos um Habitat de Inovação para grandes empresas e hoje temos duas das maiores do mundo no setor de energia com escritórios de inovação instalados no complexo”, acrescentou Mello. “Tudo isso na pandemia, numa clara demonstração do que o povo brasileiro é capaz de fazer em termos de adaptação, em um período de desafio gigante”.

 

O 6º Fórum Estadual de Energia foi promovido pelo Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energias (Cerne), em parceria com o grupo LIDE-RN, que reúne lideranças empresariais do estado. Além de Mello, participaram do painel sobre capacitação os professores Mario Gonzalez, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e Leonardo Vale de Araújo, coordenador do Centro de Tecnologia em Energia Eólica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN (IFRN) em João Câmara.