Diretor da ANP visita o ISI-ER em busca de “chaves do sucesso” de centros de pesquisa regionais

25/04/2024   16h16

O diretor da ANP, Daniel Maia Vieira (de camisa preta), destacou a relevância de ver na prática investimentos do setor petrolífero se transformando em pesquisa aplicada e em resultados para a indústria e a sociedade. Na imagem, ele aparece com parte da equipe do SENAI-RN, durante visita ao ISI-ER

 

O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) recebeu nesta quarta-feira (24), em Natal, o diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Daniel Maia Vieira.

 

A visita, explicou ele, está inserida em um contexto em que busca compreender “as chaves do sucesso” de centros de pesquisa do Norte e Nordeste do Brasil para incentivar que experiências bem-sucedidas se espalhem no país.

 

“O Norte e o Nordeste são regiões que têm carência de grandes centros de tecnologia com incentivo à infraestrutura e pesquisadores. Por outro lado, têm grandes potenciais energéticos”, disse ele, indo além: “Então em um Instituto como esse, do SENAI, que é um grande sucesso, um grande captador de recursos, de profissionais de excelência, quais são as chaves do sucesso e o que a ANP, enquanto regulador do setor de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) do setor de óleo e gás, pode aprender para incentivar a disseminação desse tipo de conhecimento, de estratégia de atuação, no resto das regiões do país?”.

 

A ANP é uma autarquia da Administração Federal indireta, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), que tem, entre outras atribuições, a de estimular a pesquisa e a adoção de novas tecnologias no setor petrolífero. 

 

Dentro desse contexto, é também responsável pela análise, aprovação, acompanhamento e fiscalização da aplicação de recursos que as empresas têm de destinar a PD&I.

 

Contratos com empresas do setor possuem uma cláusula que exige a alocação de parte da receita bruta de campos de grande produção de petróleo para essa área, o que inclui a necessidade de desenvolvimento de projetos relacionados à transição energética no Brasil. 

 

O desenvolvimento de SAF (combustível sustentável de aviação), no ISI-ER, foi uma das iniciativas detalhadas ao diretor

 

Transição

“Um dos nossos objetivos, atendendo à política energética nacional, é de fato atender ao princípio de uma política energética de país, e num contexto de transição energética, uma das principais discussões é que essa transição vai se dar de uma forma disseminada e com cada região trabalhando os seus grandes potenciais”, disse Maia, no ISI.

 

O foco nas vocações regionais é o que ele descreve estar enxergando nos centros de pesquisa que tem conhecido não só no Rio Grande do Norte, mas também em estados como Pernambuco e Bahia. “Fica claro que nas principais instituições do Nordeste uma das chaves do sucesso foi, de fato, compreenderem as grandes vantagens comparativas da região, quais são as energias, as fontes de energia locais, regionais, que precisam ser estudadas, aprimoradas, desenvolvidas em grande escala para abastecer o país”, observa. 

 

O diretor da ANP foi recebido no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI-RN, a sede do ISI-ER, pelo diretor das duas instituições, Rodrigo Mello. Antonio Medeiros, coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do ISI, os pesquisadores líderes dos Laboratórios de Energia Eólica, Energia Solar e Sustentabilidade do Instituto, Luciano Bezerra, Samira Azevedo e Juan Ruiz, a diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, Amora Vieira, técnicos e outros pesquisadores da equipe também participaram da agenda.

 

O diretor conheceu principais áreas de atuação e projetos do ISI-ER desenvolvidos para a indústria brasileira

 

Maia conheceu a infraestrutura de laboratórios, principais frentes de atuação e projetos do Instituto SENAI, principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação em energia eólica, solar e sustentabilidade, incluindo hidrogênio sustentável e combustíveis avançados.

 

“É importante, estrategicamente, que a ANP enxergue quais são as atuais demandas das empresas junto a uma ICT (Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação) como a nossa, para que quando essas demandas, esses projetos, essas atividades cheguem para ser discutidos na Agência saiba que isso não nasceu do nada. Isso tem um histórico muito aderente ao ambiente de produção atual e ao ambiente de produção futuro, prevendo mudanças do setor de energia que estão acontecendo, dentre elas a que nós trabalhamos, ou seja, atividades com objetos relacionados à transição energética”, disse Rodrigo Mello, apontando entre os temas que estão no centro da atuação, nesse contexto, soluções para a mitigação de gases do efeito estufa, para produção de combustíveis avançados e também de energias renováveis.

 

Laboratório de Energia Solar do ISI-ER: Soluções para a mitigação de gases do efeito estufa e para a eficiência e competitividade das indústrias do setor estão entre as que foram apresentadas na visita

 

Hidrogênio

Na terça-feira (23), o diretor visitou instalações da Petrobras, no município de Alto do Rodrigues – distante cerca de 204 km de Natal – onde vai funcionar uma planta piloto de eletrólise para estudo da cadeia de hidrogênio sustentável no Brasil. 

 

O projeto é desenvolvido pela empresa em parceria com o ISI-ER. O objetivo é avaliar a produção e utilização do hidrogênio produzido a partir da eletrólise da água, com o uso de energia solar.

 

“Trata-se de um projeto em que você vê o grande potencial solar da região, com uma planta industrial fenomenal, que é a planta da termelétrica – sobretudo a estação de tratamento de água, para combinar com o potencial de geração de hidrogênio”, disse Maia. 

 

“O projeto junta essa vantagem de fonte energética da região, que é a solar, associada à vantagem de ter uma infraestrutura já pronta, que é a térmica, com estação de tratamento de água, com grande volume de água disponível para uma fonte energética que é a fonte do momento, o hidrogênio. Isso é fantástico e mais um exemplo de grandes capacidades regionais sendo fomentadas por uma instituição já de excelência como o SENAI”, frisou ainda o diretor, destacando a relevância de ver na prática investimentos do setor se transformando em pesquisa aplicada e em resultados para a indústria e a sociedade. 

 

“A pesquisa básica tem todas as suas necessidades e importância para o país, mas, sem dúvida, chegar nesse nível de projeto já de planta piloto, com grandes chances já de escalabilidade, ver isso já presente na região é fantástico”, disse. 

 

Texto e fotos: Renata Moura

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