O Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN (SINDUSCON/RN) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-RN) realizaram, nesta quarta-feira (15), o I Workshop de Construção Civil. O evento realizado no Hub de Inovação Tecnológica do SENAI, em Natal, marca o lançamento do projeto “Valorizando o Futuro da Construção Civil”.

 

A iniciativa busca fortalecer a mão de obra local, inspirar novos profissionais e promover o desenvolvimento sustentável para o setor. O projeto é inédito no Rio Grande do Norte e visa enfrentar a escassez de profissionais qualificados, um dos maiores desafios do segmento.

 

O presidente do SINDUSCON-RN, Sérgio Azevedo, afirma que o evento integra as ações do sindicato para combater o problema de mão de obra. Ele identifica uma dificuldade em atrair novas gerações. “Nós percebemos que o filho do pedreiro não queria ser pedreiro, o filho do mestre não queria ser mestre.” Azevedo atribui este desinteresse à atração por carreiras digitais.

 

 

“O que a gente quer contar através do programa é que existem formas de você trilhar uma carreira de sucesso desde o setor da construção civil, em que, embora não tenha a rapidez desses trajetos digitais, mas tem constância, resistência, tem um futuro de exemplo de pessoas que começam como serventes e não funcionem como diretores,” explica o presidente.

 

O projeto visa contar histórias de sucesso, mostrar que a carreira na construção civil pode trazer um retorno a longo prazo superior ao das carreiras digitais, e capacitar os interessados.

 

A diretora das escolas SENAI Natal, Amora Vieira, detalha que o SENAI-RN, o SINDUSCON-RN e o IEL-RN uniram esforços para formar pessoas para o mercado. “Nossa intenção e propósito é conectar parceiros da indústria de construção civil e instituições que agreguem valor à formação profissional, que consigam viabilizar inserção no mercado de trabalho para homens e para mulheres também. A gente está com uma pauta de inserção/participação de mulheres na construção civil. Estamos reinventando o portfólio do SENAI para a construção civil, entendendo a demanda do mercado para que o SENAI possa formar pessoas de acordo com a necessidade da indústria,” afirma.

 

“Todo mundo tem o mesmo objetivo que é formar pessoas, é falar com as pessoas olho no olho, fazer com que elas percebam que a construção civil tem possibilidades, tanto que temos personagens aqui para contar histórias de como foi a sua trajetória. E é isso, é conexão, é parceiros, é foco na indústria e na necessidade de formação profissional de pessoas no mercado de trabalho”, acrescenta ela, reforçando o valor da união.

 

O setor da construção civil potiguar apresenta obras em andamento e sente a falta de profissionais. O workshop busca preparar pessoas para ocupar vagas já disponíveis. O participante Joaquim Teófilo, 48 anos, elogia a iniciativa. “Essa iniciativa é uma iniciativa louvável. Porque junta talento com as empresas, e qualificação profissional. E o caminho é esse. Quanto mais eventos desse tipo houve. Melhor para os profissionais. Para as empresas. E para a sociedade como um todo,” diz.

 

Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) indicam que mais de 60% das construtoras no país relatam dificuldade em contratar profissionais capacitados. O programa “Valorizando o Futuro da Construção Civil” oferece cursos gratuitos ou com taxas reduzidas, de capacitação técnica com certificação do SENAI-RN, voltados a jovens em busca do primeiro emprego e trabalhadores que desejam se reposicionar no mercado.

 

Além da formação, os participantes terão acesso a encaminhamento para vagas, atualização em canteiros de obras e promoção de inclusão e diversidade, ampliando oportunidades para mulheres e grupos sub-representados.

 

O Workshop reuniu palestrantes que apresentam diferentes perspectivas sobre o setor. Karol Beniz, diretora de gente e gestão da DoisA Engenharia, referência feminina na área da construção civil aposta na importância de reunir pessoas que estão começando. “Reunimos aqui pessoas que estão ingressando no caminho na área da construção civil, profissionais que ainda estão no segmento acadêmico, para começar a entrar no mercado de trabalho, se inserirem no mercado de trabalho. Por mais que a gente pense no segmento de construção civil que a gente imagina, concreto, brita, máquinas, o que é que está por trás de tudo isso é o ser humano. É ele que leva o resultado, é ele que realiza tantos projetos brilhantes”, diz.

 

Ela acrescenta que é preciso capacitar esse profissional a trazer realmente a visão do crescimento contínuo, desenvolvimento forte, porque o segmento, inclusive, da construção é desafiador. “Tem muitas nuances que a gente está vivendo, como diversidade, sustentabilidade, inovação, que esse profissional precisa se capacitar para se manter inserido no mercado e trazendo resultados sustentáveis e crescentes. E, como iniciativas como essa de hoje, ajudam a ter barreiras e formar uma forma de vida”, completa.

 

Juliel Gomes, analista de pessoal sênior da Moura Dubeux Engenharia, começou como servente de pedreiro e foca na necessidade de qualificação e valorização. “Eu passei sete meses como servente. Naquele tempo era muito difícil, era muito mais braçal que hoje. Hoje existem muitas máquinas que ajudam no processo de trabalho. Mas eu nunca pensei em desistir. Eu sabia que precisava seguir em frente, pagar minha faculdade, enfrentar as dificuldades. Para ter sucesso é preciso uma construção diária, um esforço contínuo. E acreditar no potencial, como eu acreditei no meu”, diz Juliel.

 

Gilbrando Medeiros, da Mútua/RN, abordou a perspectiva estratégica, ligando a construção civil a decisões de infraestrutura e desenvolvimento urbano, como o programa Minha Casa Minha Vida no RN e a revisão do Plano Diretor de Natal. A Mútua RN é a Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA-RN, a seção regional no Rio Grande do Norte da Mútua nacional. A Mútua é uma sociedade civil sem fins lucrativos que oferece serviços e benefícios aos profissionais das áreas de engenharia, agronomia e geociências registrados nos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREAs).

 

Texto e fotos: Jô Lopes – HIT SENAI-RN