A diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, Amora Vieira, vai representar a instituição na COP 30 – maior evento global das Nações Unidas dedicado a negociações sobre mudanças climáticas.

 

A convite do Ministério da Educação (MEC), Amora integrará a mesa-redonda “Protagonismo feminino na sustentabilidade: a centralidade das mulheres na transição energética justa”, programada para o dia 12 de novembro.

 

A discussão vai abordar como a educação profissional e tecnológica pode ser motor de transformação social, ambiental e econômica por meio do protagonismo das mulheres. Participam representantes da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do MEC (Setec/MEC) e de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

 

“O convite mostra a relevância das ações que o SENAI tem desenvolvido na área”, afirma Amora Vieira. “Temos realizado um trabalho consistente de formação de mulheres no Rio Grande do Norte, conectado às demandas da indústria.”

 

A COP é um encontro global anual e, nesta edição, será realizada no Brasil, na cidade de Belém (PA). Durante a Conferência, líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater as mudanças do clima. A programação ocorrerá de 10 a 21 de novembro.

 

Papel

 

A diretora do CTGAS-ER destaca a importância de incluir o papel das mulheres na pauta da conferência. “O papel da mulher é central”, reforça. “O que o SENAI tem feito é enxergar essa mulher como potência: ela busca qualificação, quer atuar no setor de energia, e nossa missão é viabilizar formação técnica e superior de qualidade para isso.”

 

Primeiro do Brasil a se tornar signatário do Pacto Global de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção da ONU, o SENAI-RN tem sua atuação alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que buscam, entre outros avanços, erradicar a pobreza, reduzir desigualdades, ampliar o acesso à educação de qualidade e combater as mudanças climáticas.

 

Desde 2021, por meio do CTGAS-ER, a instituição tem intensificado a atuação em projetos em parceria com empresas de energia para impulsionar a participação feminina em um mercado ainda predominantemente masculino.

 

Em 2024, o SENAI-RN recebeu o “Selo ODS Educação”, reconhecimento nacional público pela formação das primeiras mulheres especialistas do estado em operação e manutenção de parques eólicos – programa desenvolvido em parceria com a AES Brasil. Entre as ações mais recentes, no mesmo ano, iniciou um projeto com a Vestas para formar técnicos e técnicas para o setor, destinando metade das vagas a mulheres.

 

“Queremos mostrar ao mundo que o Brasil – e especialmente o Rio Grande do Norte – encontrou um caminho sólido de conexão entre educação e indústria para impulsionar as carreiras de mulheres”, afirma Amora. “A COP será um palco importante para apresentar nossa missão: formar pessoas e fortalecer o papel feminino na transição energética.”

 

A mesa-redonda, na COP, também deverá destacar iniciativas nacionais voltadas à inclusão de mulheres na economia verde, como os programas EnergIFE e Profissionais do Futuro, parceria do MEC com a agência alemã de cooperação internacional GIZ, que já capacitou mais de 3 mil mulheres e 269 docentes em energias renováveis e prevê, até 2025, a formação de 12 mil mulheres em cursos voltados à economia verde.

 

Outro destaque é o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens (Portaria Conjunta nº 2/2025), que estabelece a meta de 30% de participação feminina em cursos técnicos e de engenharia vinculados a projetos de energias renováveis até 2027.

 

De acordo com o Ministério da Educação, o encontro reunirá experiências, histórias e dados que ilustram o papel da formação técnica e tecnológica como via de acesso das mulheres às profissões verdes.

 

Formação técnica abre caminho para mulheres na indústria, destaca diretora

 

A participação das mulheres na educação e no mercado de trabalho tem sido discutida pelo SENAI-RN em diversos fóruns no Brasil. O debate mais recente foi realizado no painel “Equidade, inclusão e gênero na Educação Profissional e Tecnológica (EPT) verde”, que integrou o Webinário “Conexão com o futuro: Diálogos sobre a EPT na transição justa e sustentável”. O evento foi uma promoção conjunta da GIZ com o projeto Profissionais do Futuro e o Ministério da Educação.

 

Na ocasião, Amora Vieira, diretora do CTGAS-ER, destacou a formação técnica como oportunidade para ampliar a inserção feminina no mercado. “Os cursos do SENAI são para todos os públicos, mas a indústria buscava uma estratégia para atrair meninas e mulheres e nós atuamos para atender essa demanda”, disse.

 

Estratégias da instituição para chegar ao público-alvo vão além da capital. “No interior do estado, o SENAI põe até carro de som na rua para potencializar o alcance das informações, para dizer qual é a oportunidade que está chegando ao município e o compromisso que as pessoas interessadas precisam ter. O esforço é para que o maior número possível de mulheres participe e logre êxito no curso”, explicou ela.

 

Aos módulos que compõem formações teórica e prática, são agregadas orientações sobre presença no LinkedIn e entrevista de emprego, por exemplo, com foco em ampliar as chances de inserção profissional. Histórias de mulheres que se formaram no SENAI e hoje estão no mercado também são compartilhadas como exemplos de que caminhos em áreas como as ligadas ao setor elétrico são possíveis.

 

A diretora citou ainda o Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI), que atua para promover nos cursos da instituição a inclusão de pessoas com deficiência, mulheres nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática, pessoas de raça, etnia e gerações diversas e pessoas LGBTQIAPN+. “Nós temos preparado nossos instrutores para que o ambiente de ensino seja cada vez mais inclusivo”, observou ela.

 

Também participaram do Webinário Marcelo Ramos, coordenador de Empregabilidade, no projeto Profissionais do Futuro da GIZ Brasil, Mariana Reis, ponto focal de gênero da GIZ e Camila da Cunha Faria, diretora de RH da AEVO SOLAR.

 

Por Renata Moura