O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, recebeu, em Natal, representantes da Global Wind Organisation (GWO) – organização internacional que reúne fabricantes, proprietários e operadores do setor de energia renovável – para discutir novas oportunidades de expansão de padrões de treinamento que atendam às necessidades da indústria eólica no Rio Grande do Norte.
A GWO, sediada na Dinamarca, é responsável por um conjunto de padrões globais de treinamento em segurança e competências técnicas para técnicos que atuam na construção, instalação, operação e manutenção de parques eólicos. Entre os padrões reconhecidos mundialmente estão o Basic Safety Training (BST) e o Basic Technical Training (BTT), também adotados como requisitos por empregadores do setor de energias renováveis no Brasil.
No país, o CTGAS-ER foi pioneiro na rede SENAI na oferta desses treinamentos. A instituição disponibiliza o BST desde 2021 e, a partir de 2026, será o primeiro da rede a oferecer o BTT ao público. A auditoria que analisou a incorporação do novo treinamento ao portfólio foi realizada em setembro deste ano por um organismo de certificação terceirizado, autorizado pela GWO, com o resultado favorável divulgado em outubro.
A reunião para discutir a ampliação dessa oferta foi realizada no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI-RN, em Natal, complexo que sedia o CTGAS-ER. “O modelo de atuação da GWO está muito conectado ao do SENAI. As duas instituições compartilham a responsabilidade de formar profissionais para a indústria, unindo teoria e prática na capacitação”, destacou Amora Vieira, diretora do CTGAS-ER.
“A GWO apresentou uma solução alternativa para quem já trabalha no setor e para pessoas que possuem conhecimento prático, criando possibilidades de progressão na carreira ao aproveitar competências já adquiridas. É um modelo semelhante à certificação por competências que o SENAI oferece para o setor de energia solar, e estamos avaliando possibilidades semelhantes para o setor eólico”, acrescentou ela.
A diretora enfatizou que obter a certificação GWO foi essencial para atender à demanda crescente da indústria. “Iniciamos esse processo com o planejamento e capacitação da nossa equipe de instrutores, além de investimentos em infraestrutura educacional, criando ambientes que atendem aos requisitos do setor”, afirmou.
A reunião contou com a participação de Dan Ortega, gerente de Desenvolvimento de Rede da GWO; Sergei Perapechka, head de Parcerias e Desenvolvimento de Rede da GWO; Maria Mariana Faria, assessora técnica responsável pela área de Qualidade do SENAI em Natal; Marcus Eduardo Freitas Dantas, engenheiro de Segurança do Trabalho e instrutor de Educação e Tecnologias em cursos como os oferecidos pela GWO no CTGAS-ER; e Bruno do Nascimento e Silva, pesquisador do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
Durante a visita, Dan Ortega destacou o potencial de expansão dos treinamentos voltados à energia eólica na rede SENAI e avaliou que a combinação desses cursos com os padrões da GWO representa uma grande oportunidade para o mercado brasileiro. Ele ressaltou que os empregadores locais conhecem e confiam no SENAI, e que a colaboração entre uma instituição forte no país e um padrão internacionalmente reconhecido cria uma estrutura mutuamente benéfica para o desenvolvimento de profissionais.
Ortega também ressaltou o papel do SENAI como referência na formação técnica e educacional. “A GWO se concentra no desenvolvimento de treinamentos básicos, mas o sucesso no setor eólico exige uma formação mais abrangente. Os programas do SENAI oferecem essa preparação aprofundada, com experiências práticas que qualificam profissionais para manter turbinas em operação, diagnosticar falhas e executar manutenções complexas – fator essencial para o crescimento da indústria”, afirmou.
Além do BST e do BTT, a GWO desenvolve padrões de treinamento para atividades como reparo de pás, operação de guindastes e içamento, elevadores de serviço, resgate e primeiros socorros avançados. Segundo Ortega, a expectativa no Brasil é ampliar o reconhecimento nacional desses padrões, comprovando que atendem às normas brasileiras.
A visita ao CTGAS-ER integrou uma agenda mais ampla da GWO no país, que incluiu participação no Brazil Windpower – maior evento de energia eólica da América Latina – e o lançamento de uma diretriz desenvolvida em parceria com a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), com colaboração de instituições como o SENAI CTGAS-ER.
Segundo Ortega, essa nova diretriz busca alinhar os padrões globais de treinamento da GWO com as normas brasileiras. Ele explicou que os padrões da organização são elaborados por empresas-membro e focam nos riscos e características das atividades realizadas em turbinas eólicas. Em muitos países, incluindo o Brasil, as regulamentações nacionais não são específicas para o setor eólico e se baseiam em normas gerais da indústria, como as NRs (Normas Regulamentadoras) de segurança e saúde no trabalho.
Um dos desafios, segundo ele, é demonstrar como os padrões da GWO atendem também às exigências das normas nacionais. A nova diretriz esclarece como cumprir diferentes requisitos das NRs por meio dos treinamentos GWO, mostrando que esses cursos atendem — e, na maioria dos casos, superam — as exigências legais para o trabalho seguro no setor.
Ortega avalia que a diretriz dará mais segurança a empresas contratantes e operadores de parques eólicos quanto à qualificação de técnicos com certificações GWO, apoiará provedores de treinamento como o SENAI a assegurar que os cursos estejam alinhados às normas brasileiras e facilitará o entendimento dos órgãos reguladores sobre como esses treinamentos específicos atendem à legislação nacional.
Ele observou ainda que, assim como em muitos países, o Brasil não possui regulamentações específicas para o setor eólico. Normalmente, aplicam-se regras gerais, como as de segurança elétrica ou trabalho em altura — no Brasil, por exemplo, as NRs 10 e 35. A diretriz, segundo ele, mostrará de forma clara como o treinamento GWO atende a esses requisitos e garante que trabalhadores do setor estejam preparados para atuar com segurança e conformidade.
A Global Wind Organisation (GWO) é uma associação sem fins lucrativos formada e gerida por alguns dos principais fabricantes, proprietários e operadores do setor de energia renovável no mundo, incluindo empresas com operações ou projetos no Brasil, como Vestas, Engie, GE Vernova e Siemens Gamesa Renewable Energy.
A organização desenvolve padrões de treinamento — incluindo BST e BTT — voltados ao setor eólico. Os padrões reúnem objetivos de aprendizado definidos em consenso pelas empresas-membro e são recomendados para técnicos que atuam nas fases de construção, instalação, operação e manutenção. Segundo a entidade, ao atender aos padrões e requisitos da GWO, os provedores de treinamento certificados são considerados competentes e qualificados.
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