SENAI-RN discute desenvolvimento de profissionais para o setor eólico e normas ligadas a ruídos

30/10/2025   16h32

 

O setor de energia eólica tem uma demanda global de 25 mil profissionais, hoje, e até 2030 vai precisar de 40 mil novos trabalhadores com formações de níveis técnico e superior, disse, nesta quinta-feira (30), no Brazil Windpower, o coordenador-geral de Articulação de Políticas para a Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), Marco Antonio Juliatto.

 

Esses e outros dados que apontam a necessidade de recursos humanos especializados para a atividade foram apresentados no painel “Desenvolvimento Profissional e Capacitação: Setor Eólico Brasileiro”, que também contou com a participação do diretor do SENAI-RN, do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e da Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais (FAETI), do SENAI-RN, Rodrigo Mello, destacando desafios e oportunidades relacionados a esse contexto.

 

O lançamento da primeira pós-graduação do Brasil em energia eólica offshore foi citada pelo diretor entre as principais estratégias da instituição para atender a demanda industrial ligada à nova fronteira energética. “Assim como fizemos em 2011 criando o primeiro curso de especialização do país em energia eólica onshore, gerando uma gama de profissionais para o desenvolvimento, operação e manutenção do setor, estamos trabalhando isso para o ambiente offshore. Nós temos de partir cedo para desenvolver profissionais que serão necessários para a nova fronteira energética”, disse.

 

O diretor enfatizou que “a transição energética envolve tecnologia e inovação, mas sobretudo pessoas”. Ele observou que, desde 2007, o SENAI-RN entrou firme na preparação de recursos humanos para a atividade eólica, desde a base, incrementando cursos técnicos relacionados, e atuando em linha com as necessidades práticas do setor.

 

“Os resultados que alcançamos mostram que estamos aderentes ao mercado, com índice de empregabilidade que supera 80% e sugere que estamos permanentemente sentados com a indústria, gerando um caminho sólido entre a formação que oferecemos e as empresas”, comentou ele.

 

O executivo citou ainda desafios que existem na área, como “o apagão de engenheiros identificado no Brasil”. “Todas as faculdades e universidades estão entregando menos profissionais ao mercado do que no passado”, disse, frisando a “aridez” da formação e o desinteresse do público jovem por essa formação entre as variáveis que influenciam o quadro.

 

O painel também teve como convidados o especialista em Desenvolvimento Industrial do SENAI Nacional, Edilson de Oliveira Caldas, e, como mediadora, a gerente de Projetos da Agência de cooperação internacional alemã GIZ, Roberta Knopki.

 

Caldas detalhou uma parceria que está sendo firmada entre o SENAI Nacional e a Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica) para o desenvolvimento de novos profissionais para o setor. “É um acordo de cooperação técnica para potencializar a mão de obra setorial nas cidades, uma resposta a demandas dos associados da ABEEólica”, disse.

 

Dados preliminares de um levantamento que está sendo realizado pela Associação mostram, segundo ele, que a maior demanda das empresas é para a área de operação e manutenção e está distribuída principalmente entre os estados do Rio Grande do Norte e da Bahia, que líderes nacionais em capacidade instalada e geração de energia eólica.

 

 

Ruídos

 

Também nesta quinta-feira, último dia de programação do Brazil Windpower, Leonardo Oliveira, do laboratório de energia eólica do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), participou do painel “Ruído em parques eólicos: normas, padrões técnicos e boas práticas, com Bruna Soares, coordenadora de licenciamento da Maron Ambiental, Krisdany Cavalcante, diretor técnico do dB Laboratório de Acústica e gestor do ABNT/CB-196 Comitê Brasileiro de Acústica; Jarbas Amaro, gerente de sustentabilidade da Auren; Leonardo Machado, diretor de operações da Echoenergia; e Marco Antônio M. Vecci, professor, pesquisador e consultor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

 

O painel destacou questões técnicas e normas relacionadas a medições de ruídos, além de ações desenvolvidas por empresas de energia eólica, como reformas de casas com tratamento acústico, para mitigar os impactos causados às populações que vivem próximas aos empreendimentos.

 

“São ações que mostram que não é só a avaliação técnica que conta nesses casos, mas também o olhar socioambiental para a questão, o diálogo direto com as comunidades”, comentou Leonardo Oliveira, do ISI-ER, ao apontar os principais pontos apresentados no painel.

 

“Outra abordagem importante foi sobre a adequação das normas de avaliação de ruído para a operação de parques eólicos. As normas que existem hoje são gerais para todas as atividades – são usadas para medir desde o ruído de um bar até os ruídos gerados na operação de uma termelétrica. O que está se discutindo agora é a adequação para o Brasil de normas internacionais existentes voltadas ao setor eólico”, acrescentou ele. “Esta é uma solução que está em construção. É preciso delimitar um arcabouço jurídico que seja justo tanto para o parque eólico quanto para a comunidade que está próxima”, complementa.

 

O ISI-ER realiza ensaios seguindo normas internacionais para avaliação de desempenho de aerogeradores, incluindo a medição de ruído acústico – ou seja, qualquer pressão sonora emitida pelos equipamentos.

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