
Pela primeira vez, a instituição reuniu representantes de cinco estados do Nordeste – Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Pernambuco e Piauí – em um estande conjunto na feira
O Brazil Windpower, maior evento de energia eólica da América Latina, foi encerrado nesta quinta-feira (30), em São Paulo, com balanço positivo e novas formações, projetos de inovação e exemplos de atuação em rede do SENAI apresentados ao público.
Pela primeira vez, a instituição reuniu representantes de cinco estados do Nordeste – Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Pernambuco e Piauí – em um estande conjunto na feira. A região é líder em geração de energia eólica onshore (em terra) no país e corresponde à principal zona de interesse dos investimentos para futuros complexos offshore (no mar), segundo o mapa de projetos cadastrados para licenciamento ambiental no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O diretor regional do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, afirma que a presença integrada reforçou o papel da instituição no desenvolvimento da cadeia produtiva da energia eólica brasileira.
“O SENAI teve, esse ano, uma participação diferente: foi o SENAI regional, com cinco estados presentes. Isso amplia a visão que o setor tem da instituição, traz novos desafios, participação de novas empresas e potencializa perspectivas de funcionamento em rede, com atendimentos conjuntos das demandas da indústria”, avaliou.
Mello destacou que, mesmo em um momento de desaceleração no setor, em razão de fatores como os cortes de geração de energia no país – os chamados curtailments – o evento se mostrou produtivo e um ambiente de construção para novas perspectivas e negócios.
“O setor está passando por um momento de estabilização, o que gera dúvidas e desconforto. Mas o evento trouxe a discussão de ‘como é que vamos movimentar o setor daqui para a frente’, de olhar para as oportunidades que surgem em meio às crises. O saldo foi positivo”, completou.
O diretor do SENAI Piauí, Roger Jacob, também ressaltou a relevância da presença conjunta no Brazil Windpower. “O mais emblemático”, disse ele, “é como cinco estados do Nordeste com atuação relevante no setor eólico se juntaram para ter uma presença importante, um estande conjunto, no principal evento do setor”.
“Isso mostra nossa força como rede. O Rio Grande do Norte tem uma atuação de décadas no setor eólico, com reconhecimento nacional e mundial da sua competência e da sua capacidade técnica, e quando puxa a gente, do Piauí, que apesar de ter um volume de geração eólica grande, tem o SENAI do Piauí começando agora a prestar serviço para o setor apoiado pelo Rio Grande do Norte, dá um respaldo muito grande ao mercado de que nós somos um SENAI só, com missão e propósito únicos, com competências compartilhadas e trabalhando todos os dias para atender a indústria”, disse.
Jacob destacou, ainda, o fortalecimento da aproximação com o setor. “Os contatos que a gente fez, as aberturas de conversa tanto com reguladores quanto com empresas da área, justificam por si qualquer quantidade de vezes que a gente venha para a feira”.
“O encontro favoreceu a articulação e integração entre os SENAI do Nordeste, evidenciando a capacidade conjunta da rede em contribuir para o desenvolvimento da indústria verde no Brasil”, reforçou Aline Dias Neto, gestora da Regional Norte do SENAI Bahia, que abrange três Unidades Operacionais de Ensino e uma área de cobertura que compreende 66 municípios do estado. Segundo ela, a participação do SENAI Bahia no Brazil Windpower foi marcada pelo fortalecimento de parcerias com clientes estratégicos e pela oportunidade de apresentar novas possibilidades de negócios a importantes empresas do setor.
Junto com o SENAI-RN e o SENAI Nacional, a instituição também participou de um painel temático, apresentando case de sucesso com a Vestas sobre parcerias estratégicas como caminho para a formação profissional voltada à indústria eólica.

Rodrigo Mello, diretor regional do SENAI-RN, recepcionou estudantes dos cursos de Engenharia de Controle e Automação e Tecnologia em Eletrônica Industrial do SENAI São Paulo em um tour guiado no evento
Evento fortalece relacionamento com o mercado e é vitrine para projetos de educação e PD&I
Os cinco Departamentos Regionais do SENAI no Nordeste aproveitaram o Brazil Windpower para expor inovações com foco na indústria eólica. Entre os destaques do SENAI-RN, foram apresentados a primeira pós-graduação do Brasil em energia eólica offshore e resultados da parceria com a Vestas para formação de novos/as profissionais de nível técnico para o mercado.
A instituição também subiu à Arena Offshore, um dos principais palcos do evento, para anunciar o “edital multiclientes” da primeira planta-piloto de energia eólica offshore do Brasil. “A previsão é captar parceiros interessados em desenvolver tecnologia nacional e soluções de construção e logística para fixação de aerogeradores nas condições da Margem Equatorial brasileira, ou seja, adaptadas a águas rasas, com até 70 metros de profundidade”, explicou Mello, sobre a cooperação prevista.
A planta-piloto do SENAI, um projeto de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I), foi concebida para o Rio Grande do Norte e é o primeiro projeto de energia eólica offshore do país a receber licença prévia do Ibama.
O edital foi anunciado em conjunto com a Dois A Engenharia e Tecnologia e poderá ser acessado pelas empresas, para manifestação de interesse, a partir de 28 de novembro, na Plataforma Inovação para a Indústria (https://plataforma.editaldeinovacao.com.br).
Diante do crescimento da demanda por manutenção dos parques eólicos, o SENAI Ceará, por sua vez, divulgou o portfólio de consultorias da instituição em energia, automação e metalmecânica. O SENAI Piauí apresentou, entre os destaques para a atividade, o primeiro Centro de Formação de Linheiros, para a formação de profissionais com foco em “montagem de torres de transmissão” e, a partir de 2026, também de “lançadores de linha”. Já o SENAI Bahia apostou em programas de capacitação alinhados às novas exigências do setor eólico, soluções tecnológicas em realidade virtual e serviços de pesquisa aplicada que apoiem a evolução do setor.
Nessa mesma linha, o SENAI Pernambuco focou em projetos de inovação com aplicação de tecnologias como IA e digital twin (gêmeos digitais, drones customizados, sensoriamento remoto, processamento de imagem, integração energética com implantação de plantas de hidrogênio sustentável ou sistemas BESS (Battery Energy Storage System) para uso do excedente de energia.
O estande que reuniu os cinco Departamentos Regionais da instituição recebeu a visita de representantes de empresas e instituições nacionais e internacionais de diferentes segmentos.
A lista de visitantes registrados no espaço inclui nomes como Petrobras, Dois A Engenharia, Mingyang, Barlovento Applus , CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica), Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), Global Wind Energy Council (GWEC), Hobeco, Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras, ENGIE Brasil Energia, Global Wind Organization (GWO), Baterias Moura, Vestas, governo do Rio Grande do Norte, Associação Pernambucana de Energias Renováveis, Companhia Docas do RN (Codern), Auren Operações S.A., Goldwind, Yokogawa South America, SEBRAE-RN, Polo SEBRAE de Energias Renováveis, Maersk Training, Casa dos Ventos, Energimp, Engeform Energia, Megawind Brasil, Sankyo Oilless Industry do Brasil, DuPont, Austral Energy Consulting, CGN Brasil Energia, Fugro, Ibitu Energia, CPFL Renováveis, Neoenergia, Nordex Acciona, Nordex Energy Brasil, Voltalia, WGC Wind, Klüber Lubrication, Equatorial Renováveis, Echoenergia, Tetra Mais e Essentia Energia.

Roger Jacob, diretor regional do SENAI Piauí, ressaltou a relevância da presença conjunta dos estados no Brazil Windpower, uma mostra, disse ele, da força da instituição como rede
Educação
Na área de educação, o SENAI-RN se prepara para expandir a oferta de treinamentos no estado voltada ao trabalho em parques eólicos. A instituição será a primeira da rede SENAI no Brasil a disponibilizar ao público o BTT (Basic Technical Training) – treinamento técnico básico para a manutenção segura de turbinas eólicas.
A formação integra um conjunto de cursos da GWO, organização global, sem fins lucrativos, fundada por fabricantes e proprietários desse tipo de equipamento. A inclusão no portfólio do Rio Grande do Norte foi aprovada como desdobramento de auditoria realizada em setembro.
O certificado que habilita o Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, a oferecer o BTT foi entregue oficialmente durante o Brazil Windpower à diretora do Centro, Amora Vieira, pela CEO da ALC – América Latina Certificações, Silvana Pedraga, e a coordenadora comercial da instituição, Yasmin Ferreira Forner.
Na ocasião, também foi conferido o certificado que revalida outro treinamento GWO na instituição – o BST (Basic Safety Training ou Treinamento Básico de Segurança) – ofertado pelo CTGAS-ER desde 2021.
Na região Nordeste, o SENAI Ceará está em processo de certificação para oferecer o curso de Reparo de pá eólica, também no padrão internacional da GWO, e o SENAI Bahia em processo de certificação para oferta do BST.
Em parceria com o Brazil Windpower, o SENAI-RN também promoveu um tour guiado no evento para estudantes dos cursos de Engenharia de Controle e Automação e Tecnologia em Eletrônica Industrial do SENAI São Paulo. O objetivo, segundo Rodrigo Mello, foi aproximar o ambiente de ensino das demandas reais da indústria eólica e das possibilidades profissionais que existem no mercado.
“Essa oportunidade para que os jovens tenham contato com as empresas que fazem o setor é rica para a vida profissional deles e para as empresas enxergarem os alunos que estão no início da formação da sua decisão profissional”, disse e complementou: “uma cadeia industrial, e a cadeia de geração de energia não é diferente, é feita por pessoas. E essa cadeia que exige muita participação da tecnologia precisa cada vez mais de profissionais qualificados. O SENAI tem feito isso e a ideia de trazer alunos em formação para a visita se dá no sentido de mostrar a eles a vida como ela é, com possibilidade de conversar com engenheiros e gestores de empresas, assim como de enxergar um pouco da cultura das empresas que compõem a atividade”.
O tour foi realizado no dia 28 – o primeiro dia do evento – e proporcionou uma imersão guiada pelo universo eólico, apresentando aos estudantes detalhes da estrutura e da dinâmica do setor, assim como do papel da energia eólica no desenvolvimento sustentável. O roteiro incluiu visita à área de exposição, onde o grupo conheceu fabricantes, geradores e soluções tecnológicas.
Venicius Severiano, estudante de Engenharia de Controle e Automação, disse que a experiência ajudou a “expandir a mente” em relação a uma nova indústria, a grandiosidade dela no Brasil e a oportunidades e tecnologias relacionadas. “Foi uma experiência enriquecedora e grandiosa”, disse.
Bruno Cardoso, também do curso de Engenharia, foi outro que aprovou a visita. “É muito enriquecedor saber mais de uma área que não tem tanto aqui em São Paulo. A gente tem o conhecimento da energia eólica, só que a gente não sabe o quão grande ela é dentro do nosso país. Como futuro engenheiro, é muito gratificante ter esse conhecimento a mais”, ressaltou.
Manuela Alves de Lima, estudante de Tecnologia em Eletrônica Industrial, destacou a oportunidade de conhecer empresas no segmento. “E ver como é importante conhecer o nosso território brasileiro e como a gente tem possibilidade de criar inovações e soluções para os novos caminhos da indústria”.
O Brazil Windpower foi realizado entre os dias 28 e 30 de outubro no pavilhão de exposições São Paulo Expo. O evento é uma promoção da Informa Markets com a ABEEólica e o GWEC.
Autoridades, especialistas e executivos de empresas e outras instituições participaram. Esta edição teve como macrotema “COP30 e o papel da energia eólica: acelerando a descarbonização da economia”.
Texto e fotos: Renata Moura
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