
“O nosso trabalho é impulsionar todas as possibilidades que a formação profissional pode oferecer, dentro e para além do setor eólico”, frisou a diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, Amora Vieira, ao detalhar, no Brazil Windpower, como um acordo de cooperação firmado com a Vestas tem ampliado perspectivas de educação, emprego e renda na região Nordeste do Brasil.
As ações são frutos de uma parceria inédita firmada em 2024 entre o SENAI Nacional e a empresa, para o desenvolvimento de ações como a formação de novos técnicos e técnicas que atendam a demanda de empresas de energias renováveis e de outros setores da economia. As atividades tiveram início em 2024 no Rio Grande do Norte e neste ano foram expandidas para a Bahia.
Em ambos os estados, o curso técnico em Eletromecânica é oferecido de forma gratuita à população. “Nós criamos um grupo de trabalho com o Senai. Revisitamos o conteúdo do curso, trazendo-o mais para a realidade do setor, por enxergar um gap que existe na contratação de novos técnicos: o tempo de adaptação à turbina eólica”, disse Maycon de Souza Silva, head da Vestas Service and Construction Academy. “Nosso objetivo é habilitar novos técnicos com a bagagem refinada, mais prontos e próximos do setor, para que essa curva de adaptação seja reduzida”.
A iniciativa inclui desde discussões e aplicação de inovações para formação técnica de profissionais com foco nas demandas do mercado de energia eólica até a capacitação efetiva de recursos humanos – com contratação de aprendizes pela indústria.
“É um programa que consideramos um marco não só para o Brasil, mas para a região da América Latina”, disse Luciana Leite, estrategista de Marketing, Comunicação e ESG da Vestas LATAM, durante o evento. ”Essa parceria dá certo porque a gente não está pensando só na gente. A gente está formando talentos para o mundo. Para esse mercado que é tão promissor”, acrescentou ainda.

Formação
O assunto foi levado ao palco do Brazil Windpower, no painel “Parcerias Estratégicas como Caminho para a Formação Profissional na Indústria Eólica”. No Rio Grande do Norte, a formação, iniciada em outubro de 2024, com previsão de conclusão em agosto de 2026, tem como foco o município de Lagoa Nova, a cerca de 200 km da capital, Natal. O programa inclui 1.440 horas de estudos, com teoria em sala de aula e práticas em laboratórios como o primeiro Centro de Excelência em Formação Profissional do Brasil em hidrogênio verde, parte da infraestrutura do CTGAS-ER, em Natal.
Ao todo, 69 pessoas participam. A seleção foi realizada em 2024, englobando uma turma de Jovens aprendizes, com idade entre 18 e 24 anos, previamente contratados pela empresa; e outra formada por moradores da comunidade local de Lagoa Nova e redondezas.
Como estímulo à igualdade de gênero e à participação feminina na educação profissional e em oportunidades de trabalho na indústria eólica – em que homens tradicionalmente predominam – metade das vagas foram destinadas a mulheres.
“Nós partimos da premissa de atuar localmente, formando pessoas no interior. Para isso, usamos nossa unidade móvel – uma sala de aulas sobre rodas do SENAI, equipada com laboratório – também levamos as turmas para o nosso Centro, na capital, para dentro dos laboratórios de solda, robótica, hidrogênio, para visita de campo em parque eólico. Tudo para que vejam possibilidades de educação e de empregabilidade”, disse Amora Vieira.
Na Bahia, o programa teve início há pouco mais de três meses, com uma turma de 30 jovens aprendizes técnicos e outra de 40 alunos bolsistas do SENAI. “Temos um módulo de inovação agregado ao curso, com unidades curriculares que possibilitam uma compreensão ainda maior sobre o setor eólico”, disse Aline Dias Neto, gestora da Regional Norte do SENAI Bahia, que abrange três Unidades Operacionais de Ensino e uma área de cobertura que compreende 66 municípios do estado. “Esse é um projeto grandioso e mostra o nosso propósito, que é transformar histórias, que é transformar vidas”, frisou ela, destacando também o incentivo à participação feminina. “Das 247 pessoas inscritas no processo seletivo, 109 eram mulheres”.
O projeto em território baiano tem como foco Ourolândia, município com pouco mais de 21 mil habitantes no interior, a 409 km da capital, Salvador.
Edilson Caldas, gestor nacional do SENAI Nacional, disse que ouvir o que o setor eólico tem a dizer foi essencial para que as formações estejam sendo as melhores possíveis e beneficiem, efetivamente, a população que está no entorno dos parques. “Nós estávamos cumprindo nossa missão de entregar profissionais à indústria, mas aonde? Se você traz profissionais da capital em algum momento eles voltam para casa, não há uma evolução daquela economia, da cidade, das pessoas da cidade, daí a importância de a formação ser local, para mudar a vida das pessoas naquele local, para que o recurso gire ali, dentro da cidade”.
Luciana observa que a Vestas tinha a preocupação e o compromisso de desenvolver áreas próximas aos parques em que atua. “Nós identificamos oportunidades conjuntas e compromissos parecidos com os do SENAI”, disse ela. “Essa conexão começou com o propósito ESG, de como desenvolver o ambiente e talentos onde estamos inseridos, e deu um salto pensando em como a gente consegue transformar o ecossistema como um todo”.
SAIBA MAIS – HQ “Anê e o Vento” incentiva participação de meninas no setor eólico
Durante o painel no Brazil Windpower, além de divulgar os primeiros resultados do programa de educação desenvolvido em parceria, o SENAI-RN e a Vestas lançaram oficialmente a revista em quadrinhos Anê e o Vento, produzida em parceria para incentivar a participação de meninas em áreas tecnológicas e no setor de energia eólica.
A revista, disponível para download gratuito no site da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (no endereço: fiern.org.br), conta a história de Anê, uma adolescente de 14 anos que em meio a reflexões sobre que profissão escolher começa a enxergar possibilidades de qualificação e trabalho, onde vive, voltadas ao setor eólico.
A revista tem ideia original, coordenação e edição da jornalista e assessora de comunicação do SENAI-RN nas áreas de energia e sustentabilidade, Renata Moura.
O trabalho foi desenvolvido em parceria com o premiado cartunista Rodrigo Brum (Roteiro, Edição, Cores e Diagramação), com participação de Jeff Portela (Capa e ilustrações) e Wanderline Freitas (Ilustrações).
Por Renata Moura
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