No Expo Minera Nordeste, ISI-ER discute importância de “minerais críticos” para a transição energética

8/05/2025   11h41

Discussão, segundo o coordenador de P&D do ISI-ER, mostrou dependência brasileira desses minerais e que indústrias, entidades setoriais e academia estão preocupadas com a busca por alternativas

 

A importância de “minerais críticos” para a indústria de veículos elétricos e a transição energética foi discutida nesta terça-feira (06), em Natal, na primeira Expo Minera Nordeste. “O evento mostrou a dependência brasileira desses minerais e que as indústrias, entidades setoriais e a academia estão preocupadas com a busca por alternativas”, destacou o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Antonio Medeiros, moderador do painel “A contribuição da mineração para novas fontes de energia limpa”, em que o tema foi debatido.

 

Minerais críticos são, na definição do Ministério de Minas e Energia, recursos minerais estratégicos para a composição de baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores. Segundo Medeiros, eles também estão presentes em catalisadores usados na produção de SAF (combustíveis sustentáveis de aviação).

 

Lítio, cobalto, níquel e “terras raras” – como são chamados elementos químicos encontrados, normalmente, em minérios de difícil extração – são exemplos desses elementos. Eles são considerados fundamentais para setores como tecnologia, indústria de defesa e transição energética, mas têm a oferta sujeita a riscos de escassez ou dependência de poucos fornecedores.

 

O presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Darlan Santos, um dos debatedores no painel, destacou o que chama de “fortíssima interação e necessidade desses elementos para a confecção e ampliação da cadeia de geração de energia limpa”.

 

“Fazendo um pequeno exercício quantitativo para ter uma ideia da importância dessa cadeia para o setor de eletromobilidade, que está intimamente relacionado ao setor de energia limpa, podemos considerar que um único veículo elétrico com bateria de 60 Quilowatt-hora (kWh), em média precisa de 8 a 10kg de Lítio, de 5 a 20kg de Cobalto, de 20 a 40 kg de Níquel, de 7 a 15kg de Manganês…”, exemplifica.

 

“Agora observe que só no Brasil, no ano de 2024, foram emplacados 177 mil veículos elétricos, que a gente tem até 2030, para o país, um universo de mais de 1,4 milhão de carros e até 2030 uma estimativa de mais de 145 milhões”, acrescentou, projetando a demanda em toneladas para atender a necessidade da indústria.

 

O presidente do Cerne, Darlan Santos, um dos debatedores no painel, destacou o que chama de “fortíssima interação e necessidade desses elementos para a confecção e ampliação da cadeia de geração de energia limpa”

 

A importância de investimentos em pesquisas na área e do desenvolvimento de uma cadeia de produção regional – para se agregar valor à cadeia mineral – foram parte dos pontos discutidos.

 

“Quando se pensa em terras raras e outros minerais estratégicos, o Brasil tem potencial gigantesco tanto em terra quanto no mar. Para o Nordeste, já se fala em Lítio e em outros minerais. E pode-se abrir uma porta sim, para agregação de valor. Ou seja, para que a gente não entregue o minério (bruto) para a China e receba deles – em vez de produzir – o tubo de aço e a jaqueta prontos para os aerogeradores”, frisou Antonio Medeiros, do ISI-ER.

 

O professor e pesquisador Cleonildo Mafra, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), e o diretor administrativo da Mútua/RN, Gilbrando Medeiros Trajano Junior, também participaram da discussão.

 

A programação do Expo Minera Nordeste segue até hoje no Centro de Convenções. O evento é uma realização do Governo do Estado e da Associação dos Engenheiros de Minas do RN e conta com apoio de instituições públicas, entidades representativas do setor privado e empresas, incluindo a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e o SINDIMINERAIS-RN.

 

Texto e fotos: Renata Moura

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