“Essa é a primeira licença concedida no Brasil e na América Latina para um projeto eólico no mar. Essa é uma meta que vinha sendo perseguida pelo setor e o SENAI-RN vai passar a liderar esse processo”, comemorou o presidente da Federação das Indústrias (FIERN) e do Conselho Regional do SENAI-RN, Roberto Serquiz
O SENAI do Rio Grande do Norte recebeu, nesta semana, a primeira licença do Brasil para um projeto de energia eólica offshore e o pioneirismo do empreendimento – com repercussão nacional e internacional – foi destaque na reunião do Conselho Regional da instituição, nesta quarta-feira (25), na Casa da Indústria.
“Essa é a primeira licença concedida no Brasil e na América Latina para um projeto eólico no mar. Essa é uma meta que vinha sendo perseguida pelo setor e o SENAI-RN vai passar a liderar esse processo”, comemorou o presidente da Federação das Indústrias (FIERN) e do Conselho Regional do SENAI-RN, Roberto Serquiz.
O empreendimento será instalado no mar de Areia Branca – município a 330km da capital potiguar, Natal – e vai operar como planta-piloto, um “Sítio de Testes” para a realização de estudos e o desenvolvimento de tecnologias que ajudem a subsidiar investimentos do setor.
A cerimônia que oficializou a emissão da licença prévia foi realizada terça-feira (24), na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Brasília. “A licença existe!”, vibrou o diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, erguendo o documento nesta quarta, diante do Conselho, formado por representantes da indústria, dos trabalhadores da indústria, do Ministério da Educação e do Ministério do Trabalho e Previdência.
O projeto, na avaliação do diretor, gera um caminho a ser trilhado pela atividade offshore – para que possa se instalar de forma mais segura e com o menor impacto possível no país. “É a quebra de gelo, o primeiro passo para que a indústria inicie de forma comercial no Brasil”, sintetizou.
Um ‘edital multicliente’ para atração de investidores será lançado até agosto. “O valor do investimento será divulgado no lançamento desse edital, um JIP (Joint Industry Project) para que os parceiros interessados possam participar dessa investida conosco”, antecipou o diretor.
O Conselho Regional do SENAI-RN é formado por representantes da indústria, dos trabalhadores da indústria, do Ministério da Educação e do Ministério do Trabalho e Previdência
Licença
A licença prévia, segundo informações do Ibama, “é concedida na fase preliminar do planejamento de um empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação”.
O documento concedido à planta-piloto do SENAI-RN tem validade inicial de cinco anos e antecede a licença de instalação — cuja emissão é esperada pelo SENAI no prazo de 12 a 18 meses. O ISI-ER, braço do SENAI à frente do projeto, prevê a instalação de dois aerogeradores, com potência somada de 24,5 Megawatts (MW), a uma distância de 15 a 20 quilômetros da costa. A expectativa é que a operação seja iniciada em até 36 meses.
“Agora nós precisamos acelerar porque vamos ter um ano e meio para desenhar toda a concepção, atender os condicionantes, fazer os projetos e, aí, partir para a implementação dessa planta-piloto que vai marcar o início da geração da energia eólica offshore real para o Brasil. Essa é uma vanguarda muito importante”, acrescentou Roberto Serquiz.
A concessão da licença prévia foi avaliada por ele como um avanço que beneficia não apenas o setor produtivo, mas toda a sociedade, ao acelerar o protagonismo do Rio Grande do Norte na transição para uma matriz energética mais limpa, sustentável e preparada para o futuro.
“Esse é um marco histórico para o país e, especialmente, para o Rio Grande do Norte. Esta conquista, liderada pelo Sistema FIERN por meio do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, posiciona nosso estado na vanguarda da transição energética, com protagonismo nacional e internacional”, disse Serquiz.
Ainda de acordo com Serquiz, o projeto terá papel decisivo na adaptação das tecnologias offshore às condições do Brasil, mas não só isso. “Além de contribuir diretamente para a sustentabilidade ambiental, essa planta também irá gerar impactos concretos na economia, fomentar a indústria local, atrair investimentos, desenvolver uma nova cadeia produtiva e ampliar a qualificação da mão de obra potiguar”.
Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, o Sítio de Testes terá o objetivo de analisar o desempenho dos equipamentos de geração de energia eólica offshore em condições do mar equatorial brasileiro. Segurança e função, desempenho de potência, cargas mecânicas, ruídos, suporte e afundamento de tensão, além de qualidade da energia poderão ser avaliados na área.
Além disso, o objetivo do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis é estudar, entre os aspectos fundamentais, se a instalação de usinas eólicas offshore provocará alterações no comportamento dos animais marinhos e das aves, mudanças na flora marinha, no fundo do mar, nas atividades existentes na área, na geração de empregos, no potencial crescimento da economia, além da necessidade de cursos profissionalizantes.
Durante a reunião do Conselho do SENAI, também foram apresentados os resultados financeiros do SENAI-RN relativos ao período de janeiro a maio e realizada uma apresentação sobre transformações no mercado de trabalho que tem impactado a oferta de mão de obra para o setor industrial em todo o país. “Existem múltiplas forças influenciando isso”, destacou Rodrigo Mello, dando, entre outros exemplos, a migração de trabalhadores para a condição de autônomos, como Microempreendedores individuais, ou para ocupações plataformizadas, em áreas como a de serviço de transportes por aplicativos.
Texto: Renata Moura
Fotos: Shirley Melo
Av. Senador Salgado Filho, 2860 - Lagoa Nova - Natal/RN - CEP: 59075-900