Entre os exemplos de inovação citados pelo diretor estão a planta-piloto offshore que o SENAI-RN vai instalar em Areia Branca (RN) e uma iniciativa no Amapá, em que pesquisadores da instituição desenvolverão SAF (combustível sustentável de aviação) a partir do caroço do açaí
O diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, apresentou a estudantes de pós-graduação em Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) um panorama da transição energética no Brasil e o papel da inovação nesse contexto.
“Transição energética é um processo, não uma virada de chave. É algo que acontece entre gerações, e não algo que eu começo hoje e, em janeiro, já completa a mudança”, disse, citando o Programa Nacional de Biodiesel como exemplo de transição – considerando o aumento gradativo a partir de 2005 da adição desse combustível ao óleo diesel de origem fóssil. “Transição, para se chegar a uma mudança, é gradativa e contínua”, frisou.
A palestra “Inovação na transição energética”, em que abordou o assunto, foi mediada pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da UFRN, Afonso Avelino Dantas Neto, que ocupou a função de diretor regional do SENAI-RN durante dois anos, no período 2012-2014.
No Brasil, o setor de Óleo e gás investe R$ 8 bilhões por ano – R$ 5 bilhões dos quais via Petrobras – em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação, disse Mello. “Nós temos que aproveitar o processo de transição energética e esses recursos para desenvolver novas soluções”, acrescentou. “Uma dessas soluções”, exemplificou ainda, “pode ser CCUS (Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono), que é a que mais cresce hoje”.
A palestra “Inovação na transição energética” foi mediada pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da UFRN, Afonso Avelino Dantas Neto (à direita), que ocupou a função de diretor regional do SENAI-RN durante dois anos, no período 2012-2014
Competitividade
O diretor também destacou que para haver qualquer mudança na sociedade é preciso ter conhecimento, desenvolvimento de pessoas, tempo e investimento. Ele observa que a palavra competitividade também deve estar associada a esse contexto. “O Brasil tem uma condição competitiva que nenhum país do mundo tem do ponto de vista de energia limpa, renovável, e o ambiente competitivo é fundamental para o sucesso de qualquer negócio”.
Inovação, tecnologia e escala de produção achataram o preço do ‘produto energia renovável’ no país, disse ele. “E trazer inovação e dar consequências de vazão, de volume de produção a essa tecnologia é responsabilidade de vocês como engenheiros”, pontuou e complementou: “Só é inovação se transformar em negócio e a evolução tecnológica depende da liderança de vocês”.
O Brasil, segundo ele, tem a energia renovável disponível e a mais competitiva do mundo. Um contexto cheio de oportunidades se abre para profissionais da área de Engenharia, disse o diretor. “Isso é oportunidade de negócio, seja na produção, seja em consultoria, seja em desenvolvimento tecnológico”, afirmou Mello.
“Para continuar usando petróleo, gás natural e carvão como energia, eu preciso de engenheiro químico para melhorar o processo e tirar daí as emissões que não nos interessam. A parte de biocombustíveis que podemos gerar a partir de biomassa, depende de engenheiros químicos. Para produzir hidrogênio renovável, eu também preciso. Da mesma forma ocorre em um cenário em que a energia eólica offshore (no mar) poderá ser exportada para a Europa e, para isso, precisaremos transformá-la em combustível. São oportunidades óbvias. Oportunidades que também são para engenheiros químicos. Então as oportunidades para vocês nesse ambiente de transição energética são gigantescas”.
Entre os exemplos de inovação citados pelo diretor estão a planta-piloto offshore que o SENAI-RN vai instalar em Areia Branca (RN) – o projeto da instituição foi o primeiro de energia eólica offshore do país a obter licença prévia do Ibama – e uma iniciativa no Amapá, em que pesquisadores da instituição desenvolverão SAF (combustível sustentável de aviação) a partir do caroço do açaí.
Texto e fotos: Renata Moura
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