A segunda fase do projeto BRAVO (Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore) está em andamento desde outubro de 2024, tendo como objetivos desenvolver a tecnologia desta Boia Remota, traduzindo-se em equipamento nacionalmente desenvolvido que permite a coleta de dados sobre recurso eólico no ambiente offshore e demais dados associados, e assegurar que a tecnologia desenvolvida atende aos mais altos padrões internacionais para caracterização deste recurso eólico.
Para tanto, o projeto contempla a realização de medições utilizando a BRAVO em cinco localidades distintas, já tendo sido instaladas duas unidades no mar do Rio Grande do Norte (RN), uma no Rio de Janeiro (RJ), e ainda esse ano devem ser instaladas uma unidade no Rio Grande do Sul e outra no Piauí.
O projeto é resultado de uma parceria entre o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados (ISI-SE).
O equipamento é capaz de registrar velocidade e direção dos ventos, além de variáveis meteorológicas, como pressão atmosférica, temperatura e umidade relativa do ar. Também mede variáveis oceanográficas, como ondas e correntes marítimas — dados essenciais para determinar o potencial de uma área para produção de energia eólica.
Cada equipamento BRAVO pesa cerca de 7 toneladas, com 4 metros de diâmetro e 4 metros de altura, e tem autonomia energética garantida por módulos solares fotovoltaicos.
“Trata-se de um projeto em sua segunda fase, com caráter científico e tecnológico”, afirma o diretor do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello. “A BRAVO é um desenvolvimento inédito no Brasil, com grande relevância para os estudos sobre energia eólica offshore e variáveis meteoceanográficas”, acrescenta.
A instalação dos equipamentos no mar atende às exigências da NORMAM 601 e norma da Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha do Brasil, que estabelece procedimentos e instruções para auxílios à navegação nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB). Conforme a norma, o protótipo BRAVO é classificado como Sistema de Aquisição de Dados Oceânicos (Ocean Data Acquisition System – ODAS), por se tratar de uma boia voltada à medição de dados de vento e oceânicos.
Como se trata de um projeto de PD&I para desenvolvimento de equipamento de coleta de dados, a instalação das unidades da BRAVO não passa pelo processo de licenciamento ambiental, conforme ratificado pelo IBAMA no âmbito de processo específico sobre o tema. Mesmo assim, o projeto prevê ampla gama de ações de relacionamento com comunidades e diagnóstico socioambiental.
Antes da instalação em cada localidade, são realizadas ações de diagnóstico socioambiental e iniciativas de comunicação e relacionamento com as comunidades costeiras dos municípios próximos. O objetivo é apresentar o projeto às comunidades usuárias do espaço marinho, promovendo engajamento socioambiental e ampliando o diálogo sobre a presença dos equipamentos no ambiente marítimo.
Ações de comunicação e iniciativas socioambientais serão promovidas durante todo o desenvolvimento do projeto, que contempla também a instalação de boias de atracação próximas às unidades BRAVO, destinadas ao uso dos pescadores locais. As medidas buscam incentivar a convivência harmoniosa e a integração entre o projeto e as comunidades costeiras.
No caso da instalação mais recente no Rio Grande do Norte, por exemplo, uma equipe técnica esteve em Pedra Grande no dia 9 de outubro realizando reuniões com representantes das secretarias municipais para apresentar os objetivos e etapas do projeto. A equipe também visitou as comunidades de Enxu Queimado e Acauã, incluindo a Praia do Marco, promovendo encontros com moradores e lideranças locais.
O comissionamento da boia ocorreu posteriormente em 21 de outubro e na semana seguinte (29/10), representantes do projeto retornaram ao município para reunião com as Secretarias de Meio Ambiente e de Agricultura e Pesca, com a presença de pescadores. Durante a visita, foram realizadas caminhadas pelas orlas de Enxu Queimado, Praia do Marco e Morro dos Martins (em São Miguel do Gostoso), dando continuidade ao diálogo com as comunidades e esclarecendo dúvidas sobre o equipamento e sua finalidade.
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