Brasil é campeão da WorldSkills Américas e leva ouro com o SENAI-RN em energia solar

11/11/2025   17h51

Eduardo Urubatan, do SENAI-RN (à esquerda na foto), e Leandro Lavezo Junior, do SENAI Paraná, foram a dupla de ouro na modalidade Instalação de Sistemas Fotovoltaicos do torneio

 

O estudante Eduardo Urubatan, de 17 anos, desembarcou na madrugada desta segunda-feira (10) no Rio Grande do Norte com um sentimento que, afirma, não consegue explicar. “É um misto de orgulho, alegria e alívio”.

 

Ele garantiu, no Chile, uma das 15 medalhas de ouro da delegação brasileira na WorldSkills Américas – a maior competição de educação profissional da América Latina.

 

O Brasil foi o grande campeão do torneio, que reuniu mais de 300 participantes, entre competidores, especialistas e delegados técnicos de 12 países.

 

Aluno do curso Técnico em Eletrotécnica do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, em Natal, Urubatan subiu ao lugar mais alto do pódio na modalidade #98 – Instalação de Sistemas Fotovoltaicos, os sistemas que geram energia solar. Ele participou da competição em dupla com o também estudante de Eletrotécnica, Leandro Lavezo Junior, do SENAI Maringá (PR).

 

“É um misto de orgulho, alegria e alívio”, disse o potiguar após ser recebido pela família no aeroporto, aos gritos de “é campeão”. “A gente lembra de todo o esforço, das noites estudando, dos treinos, e ver tudo aquilo virar resultado é muito gratificante.”

 

A cerimônia de premiação foi realizada domingo (09) em Santiago, no Chile. Urubatan já havia conquistado o terceiro lugar na WorldSkills Brasil neste ano, competindo individualmente na modalidade Tecnologia de Energia Verde.

 

Prova

Na WorldSkills Américas, a prova oficial que garantiu a medalha de ouro à dupla brasileira exigiu três dias, 13,5 horas de dedicação e a superação de uma série de desafios, explica Jeane Ribeiro, instrutora do SENAI-RN nas áreas de Eletrotécnica, Automação e Energias Renováveis, que atua como treinadora e avaliadora na WorldSkills Brasil e foi responsável pela preparação de Urubatan.

 

A missão dos competidores na modalidade, observa ela, era montar um sistema de geração de energia solar com seis módulos, seguindo normas chilenas de instalação.

 

O trabalho envolvia instalação mecânica dos módulos, montagem da estrutura e cabeamento elétrico CC (corrente contínua), estrutura mecânica e cabeamento elétrico CA (corrente alternada), comissionamento e relatório de produção de energia, além da montagem de um sistema eólico e solar.

 

“O desafio principal foi o fato de a instalação estar de acordo com as normas de outro país. Nós tivemos menos de 30 dias para entender as características da rede, pois existia muita coisa diferente do que é ensinado no Brasil”, observa a instrutora. Ela explica que componentes que integram o sistema fotovoltaico no Chile também são produzidos com materiais metálicos, diferentes dos utilizados no Brasil, e seguem padrões diferentes de cores, por exemplo.

 

Estudante potiguar com a instrutora do SENAI-RN, Jeane Ribeiro, responsável pela preparação dele como competidor: Trabalho em equipe

 

Para além das questões técnicas, o potiguar e o paranaense também eram os únicos competidores que nunca haviam treinado ou feito qualquer montagem juntos, lembra a instrutora.

 

Se haveria ou não entrosamento entre eles era a dúvida que pairava no ar – mas não por muito tempo.

 

“Nós fomos conversando com eles para trabalhar essa questão, que o trabalho deles era em dupla, que um não tinha que se sobressair sobre o outro, mas sim respeitar o que o outro sabia para que tivessem sucesso”, detalhou Jeane.

 

“Para Eduardo, esse é um marco na trajetória profissional. Ele vivenciou um ambiente internacional, com alto nível técnico, o que abre portas. Para o CTGAS-ER, é um reflexo da qualidade dos cursos na área de energia e reforça nosso papel na formação de profissionais para o setor de energias renováveis”, analisou ainda a treinadora.

 

“Como instrutora, é um sentimento de muita alegria e gratidão. Ver o crescimento do aluno e o resultado do trabalho é muito gratificante. Agora o foco é continuar evoluindo, aprimorando os treinamentos e preparando novas gerações para os desafios que virão”, acrescentou ela.

 

Além do Brasil, disputaram a modalidade o Uruguai, a Bolívia, a Guatemala e o Chile – os dois últimos classificados, respectivamente, em segundo e terceiro lugar.

 

A experiência é descrita por Urubatan como “surreal, de verdade”. “Participar de uma competição internacional é algo que a gente só entende quando vive. O clima é muito intenso, tudo é muito rápido, e o nível dos competidores é gigante. Acho que o maior desafio pra mim foi controlar a ansiedade e manter o foco, porque a cada etapa eu sabia que qualquer deslize podia fazer diferença no resultado”, lembra ele.

 

A delegação brasileira foi representada por competidores dos estados de São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Norte.  Ao todo, os brasileiros trouxeram para casa 15 medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze, competindo em 19 das 20 modalidades da WorldSkills Américas.

 

Modalidade traz ouro para o CTGAS-ER e segundo título do SENAI-RN na WorldSkills Américas

 

Imagem mostra potiguar e paranaense que representaram o Brasil com competidores dos diversos países que participaram da modalidade Instalação de Sistemas Fotovoltaicos da WorldSkills Américas, a maior competição de educação profissional da América Latina

 

A 6ª edição da WorldSkills Américas foi realizada entre 3 e 8 de novembro no Chile e marcou não só a primeira participação do CTGAS-ER na competição, mas também o segundo torneio com medalha de ouro conquistada pelo SENAI-RN. Antes, a instituição já havia trazido o título para o Brasil por meio do Centro de Educação e Tecnologias Ítalo Bologna (SENAI/CETIB), de Mossoró, na modalidade Soldagem.

 

“A WorldSkills, do ponto de vista dos alunos, é um momento áureo, um momento de ápice na trajetória. Tanto na etapa nacional quanto na etapa Américas e na etapa internacional, é a hora de se comparar com os colegas contemporâneos para saber o quão bom você está, o quão bom você se tornou enquanto aluno. Do ponto de vista do SENAI, é a gente enxergar que está no rumo correto do trabalho que estamos desenvolvendo”, destacou o diretor regional do SENAI-RN, Rodrigo Mello.

 

O SENAI, segundo ele, desenvolve soluções de educação profissional em parceria com as empresas, aplicadas ao desenvolvimento dos alunos, e analisa os resultados por diversos caminhos. “Tem o desempenho em sala de aula, provas… Mas esse, da competição, dá todo um gostinho especial. Então, do ponto de vista do SENAI, é uma chancela de que nós estamos no rumo correto na formação dessas pessoas”, acrescenta.

 

O diretor se refere ao aluno que trouxe a medalha de ouro para o Brasil – e na bagagem para o Rio Grande do Norte – como “um craque, com capacidade de adaptação e um profissional extremamente qualificado e capaz”.

 

“Eu costumo dizer que o grande profissional precisa ter certa flexibilidade dentro do seu conhecimento de trabalho. E o nosso aluno está mostrando que tem. Começou a preparação firme para a WorldSkills e mostrou um desempenho espetacular, um compromisso profissional espetacular. Se preparou em pouco tempo e superou expectativas, sem ter treinado nenhum dia no Brasil com o colega do Paraná. Eles se encontraram no Chile e voltaram de lá com o ouro”, disse Mello. “Nós vemos um mérito pessoal enorme no nosso aluno e o compromisso de Jeane, a instrutora dele, dando o máximo de si para fazer a diferença na vida dele.”

 

Referência

Para Amora Vieira, diretora do CTGAS-ER, o resultado da competição confirma a atuação do Centro como referência para formações ligadas às energias renováveis. “Ratifica o nosso know-how, a expertise da equipe de instrutores, dos nossos ambientes pedagógicos e das oportunidades que o SENAI promove para que o nosso aluno de fato impulsione o seu saber”, disse a diretora.

 

“Essa participação na WorldSkills Américas confirma que estamos no caminho certo da formação de pessoas. Para o nosso aluno, trouxe uma experiência única de competir em dupla, de ter a sabedoria e a maturidade de encarar uma competição como essa. Foi uma vitória extremamente importante na carreira profissional dele, naquilo que ele almeja ser – e a gente vai seguir com ele para 2026.”

 

Eduardo agora segue em formação técnica e também como estudante do 2º ano do Ensino Médio, em Natal. Os planos, conta ele, são de manter a preparação para possíveis oportunidades de competição no futuro.  “E só tenho muito a agradecer a todos do CTGAS-ER, pelo apoio que me forneceram, pela confiança, e principalmente à minha instrutora Jeane, que nunca deixou de confiar em meu potencial. E outra coisa mais do que importante: foi Deus e minha família – sem eles eu não estaria aqui”, avalia.

 

“Esse título mudou muita coisa pra mim”, diz o estudante. “Me fez perceber que tudo o que eu estudei, as noites virando, a pressão e o esforço realmente valeram a pena. Me deu confiança. A sensação de ‘eu consigo, eu sou bom no que faço’. Também abriu minha cabeça pra enxergar que posso ir mais longe, tanto na área quanto na minha vida de estudante. Acho que esse resultado vai me acompanhar pra sempre, porque é uma conquista que vai me impulsionar a crescer e me motivar a continuar evoluindo na carreira.”

 

Texto: Renata Moura

Fotos: Divulgação SENAI-RN

Skip to content