Amora Vieira, diretora do CTGAS-ER, apresentou projetos que estimulam o aumento da participação das mulheres no mercado, por meio da educação, além de investidas para disseminar possibilidades de estudo e carreira tecnológica para mulheres e meninas
Uma mulher usando capacete, luvas e cinto paraquedista como kit de proteção para trabalhar ergue os braços para o céu e sorri, com o pôr do sol ao fundo. A imagem, registrada a 120 metros de altura, “a bordo” de um entre vários aerogeradores que despontam no horizonte em um parque eólico no Ceará, foi exibida nesta semana, em Natal, no Rio Grande do Norte, para uma plateia formada por procuradoras da mulher, deputadas estaduais, vereadoras e representantes de outras instituições no estado.
“Nós temos mulheres trabalhando com tecnologia, temos mulheres eletricistas, mulheres interessadas em se formar como costureiras e em várias outras áreas”, disse a diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, Amora Vieira, olhando para a apresentação em que fotos de diversas ex-alunas apareciam em telões no auditório, incluindo entre elas Thaysa, de Mossoró, engenheira eletricista e uma das 73 mulheres formadas pela instituição para fazer operação e manutenção de parques eólicos. A foto em que aparece em campo, no estado vizinho, foi um dos exemplos levados pela diretora para retratar a educação profissional como caminho para potencializar chances de emprego, renda e independência financeira feminina no curto prazo.
O assunto foi discutido no painel “Promoção da autonomia econômica da mulher”, que integrou a programação do I Encontro das Procuradoras da Mulher do Legislativo Potiguar. O evento, promovido pela Procuradoria Especial da Mulher (ProMulher) da Assembleia Legislativa do RN, foi realizado com o objetivo de chamar a atenção, principalmente, para a importância de ações que promovam a igualdade de gênero e ajudem a combater a violência contra a mulher em todos os seus níveis.
“Nós discutimos na programação violência política, violência de gênero, vimos experiências para pensar a participação das mulheres em espaços de decisão, e a gente precisa pensar também nas portas de saída”, disse a deputada estadual Divaneide Basílio, como mediadora do painel. “Muitas das mulheres que procuram a Procuradoria se perguntam como vai ser o dia de amanhã, por falta de renda. Então saber que podemos pensar alternativas para enfrentar a violência, aumentar as mulheres no espaço de participação e a valorização de todas nós é muito importante. A gente quer que cada uma se sinta autônoma. A autonomia econômica das mulheres é um lugar de respeito e fortalecimento”.
Discussão
O painel “Promoção da autonomia econômica da mulher” marcou o encerramento do evento e, além de Amora Vieira, que representou o SENAI-RN e a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), reuniu representantes do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/RN), da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/RN), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio/RN) e do projeto Arara Social, que tem incentivado o empreendedorismo feminino por meio da moda circular.
A diretora apresentou projetos do CTGAS-ER que estimulam o aumento da participação das mulheres no mercado, por meio da educação, além de investidas para disseminar possibilidades de estudo e carreira tecnológica para mulheres e meninas, não só ‘dentro dos muros’ da instituição, mas também em escolas públicas.
“Nós trouxemos as meninas para participar de desafios, também vemos a forma que comunicamos nas redes sociais – a identidade visual que usamos – como importante para que elas percebam que também podem escolher, entre outros cursos, uma formação tecnológica”. Protagonistas dessas histórias que hoje empreendem ou trabalham em empresas de setores como o de energias renováveis – onde a presença de homens predomina no Brasil e no mundo – foram citadas como exemplos.
“Nós temos ex-alunas que trabalham hoje na área que escolheram para suas carreiras. Temos Ana que está em São Paulo, Jasse, Renata, Wellen, Thaysa e diversas outras mulheres que estão trilhando o mesmo caminho no mercado com uma formação tecnológica”, enfatizou a executiva. “Então eu posso afirmar que existem possibilidades de carreira, possibilidades de trabalho e renda no curto prazo com uma formação tecnológica”.
A deputada e Procuradora Especial da Mulher, Cristiane Dantas, citou o ODS 5, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU que busca promover a igualdade de gênero, como longe de ser apenas uma pauta de mulheres para mulheres ou contra os homens. “É uma pauta da humanidade, pois a sociedade machista não prejudica apenas o gênero feminino – ela limita todo o desenvolvimento social ao perpetuar violências, desigualdades e silenciamentos”, ressaltou.
A deputada e Procuradora Especial da Mulher, Cristiane Dantas, destacou que a busca por igualdade de gênero é uma “pauta da humanidade”
O evento, segundo Dantas, marcou não apenas um momento de celebração dos dois anos de atividades da ProMulher, mas também “a luta da Procuradoria por uma sociedade mais justa, igualitária e, sobretudo, mais humana para as mulheres do Estado”.
Nos últimos dois anos, disse a deputada, a Procuradoria acolheu mais de 1.500 mulheres com atendimentos gratuitos nas áreas psicossocial e jurídica, bem como em atividades educativas, por meio de ações realizadas pela Assembleia Legislativa, como o Procon Mulher. “Então, as mulheres potiguares encontraram no nosso espaço não apenas um apoio social, jurídico e psicológico, mas um abraço institucional. Um lugar de escuta, de empatia e de ação. E, graças à Promulher, muitas delas estão traçando o caminho de um novo começo para suas vidas”.
Texto e fotos: Renata Moura, com informações do ProMulher
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