O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e do Conselho Regional do SENAI-RN, Roberto Serquiz, defendeu, nesta quarta-feira (23), que “as riquezas do estado sejam transformadas em trabalho”. A relação entre qualificação profissional, emprego e o desenvolvimento local foi abordada por ele durante discurso no I Fórum de Empregabilidade do Sistema Indústria, evento que reuniu, em Natal, empresas, especialistas e centenas de estudantes e profissionais em busca de oportunidades no mercado.

 

O Fórum foi uma realização do Sistema FIERN, por meio do SENAI-RN e do IEL, em parceria com o Movimento Tech (Movtech), coalizão brasileira mantida por iFood, Mercado Livre e Instituto Coca-Cola, com envolvimento de mais de 70 instituições e foco na redução de lacunas educacionais e na preparação de jovens e adultos para o futuro do trabalho.

 

O evento foi realizado no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI em Natal e contou com o apoio do Projeto “Profissionais do Futuro: Competências para a Economia Verde”, uma cooperação técnica implementada no Brasil por meio de parceria entre o Ministério da Educação, e a agência de cooperação internacional alemã Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com o suporte do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha.

 

Política industrial

Serquiz compartilhou com os participantes do Fórum, durante o discurso, que o governo do Rio Grande do Norte acatou proposta da FIERN para criação de uma política industrial no estado. Esse passo, explicou ele, terá implicações na demanda por mão de obra para a indústria de transformação. A abordagem foi feita em meio ao que chamou de “preocupação com o pós-reforma tributária”.

 

“Nós estamos em processo de regulamentação da reforma tributária, sabemos que em 2032 estarão encerrados os benefícios fiscais para a indústria, para as empresas, e que vamos precisar cada vez mais identificar em todas as regiões do estado a vocação de cada município, de cada região, e paralelo a isso, começar a formação de mão de obra em diversos setores da indústria”, frisou.

 

“Um grande trabalho nesse sentido”, explicou ele, é realizado pelo SENAI, mas será preciso ir além com a identificação de potenciais que podem ser explorados após esse período de reforma.

 

“Foi muito interessante receber essa notícia sobre a proposta da Federação para o governo, e saber que essa política industrial deve ir para a Assembleia [Legislativa] e que nós teremos uma lei, uma política. E por que ela é importante? Porque ela vai definir diretrizes e metas para serem cumpridas independente de quem esteja no cargo. Uma lei traz um direcionamento para o desenvolvimento do estado e eu fico muito feliz por essa notícia e também por estar neste centro, vendo vocês interessados em compreender essa relação entre a qualificação e o desenvolvimento do nosso estado”, ressaltou o presidente e complementou: “Nós precisamos muito que essa compreensão aconteça, porque precisamos transformar a riqueza que tem no estado em trabalho, em vidas que precisam da dignidade. E o trabalho é dignidade”.

 

O discurso foi realizado durante a abertura da programação de palestras do Fórum. Além de destacar “o papel fundamental do SENAI na formação profissional”, ele observou que “a dificuldade do profissional qualificado interfere tanto na empresa quanto no trabalhador”.

 

Público supera expectativas no evento e participação de jovens é apontada como destaque

 

 

 

O Fórum de Empregabilidade registrou cerca de 1 mil pessoas inscritas, entre visitação e palestras. O diretor regional do SENAI-RN, Rodrigo Mello, ressaltou que a participação superou as expectativas. “Foi praticamente o dobro da previsão inicial”. Ele também citou a presença de jovens – aproximadamente 21% do público – entre os destaques nesta edição. “Você via pelo perfil dos visitantes que estão procurando a sua primeira vaga, que querem saber como começar a vida profissional, o encantamento de estar participando de um evento como esse. Foi muito interessante ver esse olhar, na perspectiva de que é real a existência da vaga para o primeiro emprego”.

 

Juan Saavedra, superintendente do IEL-RN, apontou como desafio no mercado “estar na mesma linguagem desses profissionais”. “É um jovem muito conectado, com muitos anseios na sua vida profissional, muitos sonhos, e a gente sabe que as organizações lidam com diversos tipos de gerações. Então, o desafio é conseguir segurar esse jovem no mercado de trabalho, é saber lidar com essas diferenças”.

 

Exercer a proatividade de se capacitar também foi apresentado por Saavedra como fundamental para esse público, assim como manter o currículo atualizado e estudar sobre possíveis organizações em que queiram trabalhar. “E o IEL está junto com eles para poder somar esforços, tanto com o aluno, com o candidato aquela vaga de emprego, ou aquele profissional que está tentando se inserir no mercado de trabalho, como também com o setor produtivo”.

 

Jessica Monteiro, Head de Projetos e Growth no MovTech, complementou que a maior dificuldade enfrentada pelos jovens é conseguir a primeira oportunidade. “Então, dentro do Movtech e através do Fórum, a gente quis tirar essa dificuldade”.

 

Além das possibilidades de interação e dos conteúdos oferecidos, uma estratégia do Fórum para atrair e engajar os participantes foi a gamificação. “Mapas de missões” foram entregues no credenciamento, com uma série de tarefas a serem cumpridas no local, para acúmulo de pontos que davam direito a brindes diversos.

 

Entre as possibilidades disponíveis, dependendo da pontuação, foram oferecidas 300 bolsas de estudo Geração Empreendedora – uma iniciativa do Movtech para formação de futuros empreendedores da economia digital, com aulas práticas, mentorias, conteúdos inovadores e ferramentas digitais. O curso será realizado on-line, ainda neste semestre, com direito a certificado.

 

Texto: Renata Moura

Fotos: AV Filmes