O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e do Conselho Regional do SENAI-RN, Roberto Serquiz, homenageou, nesta terça-feira (1º), a equipe do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) envolvida na conquista da primeira licença ambiental do Brasil para um projeto de energia eólica offshore.

 

O projeto, um “Sítio de Testes” para a realização de estudos e o desenvolvimento de tecnologias que ajudem a subsidiar investimentos do setor, será implantado pelo SENAI-RN, no estado, por meio do Instituto.

 

“Esse é um momento de reconhecimento e é um tempo de valorização dos profissionais que estão, aqui, no ISI-ER, fazendo a diferença”, disse Serquiz. “Eu não podia deixar de vir agradecer, parabenizar e, logicamente, motivá-los para as etapas seguintes desse projeto, que é um projeto vital para o desenvolvimento do estado do Rio Grande do Norte e para o país”, acrescentou.

 

A homenagem foi realizada no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI-RN, em Natal, o complexo que sedia o ISI-ER. Placas contendo um aerogerador em miniatura e a mensagem “ISI-ER pioneiro: este time conquistou a primeira licença do Brasil para um projeto de energia eólica offshore” foram entregues à equipe responsável por estudos e outras frentes de trabalho, na área ambiental, que culminaram na emissão da licença prévia da planta-piloto.

 

 

A licença, oficialmente entregue ao SENAI pelo Ibama, na semana passada, atesta a viabilidade ambiental do projeto em sua fase de planejamento e estabelece requisitos para as próximas etapas do licenciamento. “É um ponto de partida importante que chama a atenção do Brasil”, disse Serquiz, avaliando esse passo como “um avanço que beneficia não apenas o setor produtivo, mas toda a sociedade, ao acelerar o protagonismo do Rio Grande do Norte na transição para uma matriz energética mais limpa, sustentável e preparada para o futuro”.

 

“O nosso objetivo é reconhecer esse exemplo entre tantos outros que o SENAI do Rio Grande do Norte tem conquistado. A minha vinda, aqui, tem o sentido não só de valorização, mas de estímulo, para que a equipe possa continuar motivada, continuar fazendo o melhor para o bem do estado, para o bem da sociedade e também para a dignidade de cada um dos profissionais, porque isso alimenta a nossa alma e faz com que a gente realmente esteja olhando com uma visão moderna, transformadora, inclusiva, pensando sempre no coletivo e colocando nossa capacidade para esse fim”, complementou ainda o presidente.

 

 

O diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, Rodrigo Mello, a diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), Amora Vieira, pesquisadores e equipe técnica do ISI participaram da homenagem.

 

O trabalho da equipe envolveu ações como a elaboração do estudo ambiental do projeto, entregue em julho de 2024 ao Ibama, a realização de reunião técnica informativa em Areia Branca, com população, empresas e o setor público para apresentação da infraestrutura prevista, dos estudos envolvidos, dos objetivos e resultados esperados com o empreendimento, além da organização e aplicação do Diagnóstico Social Participativo junto a comunidades pesqueiras da região, com a presença do Ibama.

 

“Agora, nós estamos no início dos trabalhos para a obtenção das próximas licenças (de instalação e operação) e, além de cumprir as condicionantes ambientais das licenças, nossa missão é garantir a elaboração de estudos e estratégias metodológicas que sejam eficazes para a viabilidade socioambiental não só do nosso projeto, mas dos grandes empreendimentos previstos para o Brasil”, diz Mariana Torres, pesquisadora que lidera a equipe responsável pelos estudos ambientais e socioeconômicos do empreendimento.

 

A equipe homenageada é formada por pesquisadores/as, instrutores/as de educação e tecnologia e técnicos/as ambientais do ISI-ER. Além de Torres, que é geógrafa e doutora em Geografia, receberam o reconhecimento Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, Antonio Medeiros, coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento do ISI-ER, Maria de Fátima Alves de Matos (geógrafa e doutora em Geodinâmica e Geofísica), Francisco Gabriel Ferreira de Lima (Geólogo e doutor em Geodinâmica e Geofísica), Priscila Pamplona Pereira Pinto (Engenheira Civil), Tiego Luiz de Araújo Costa (biólogo e doutor em Ecologia), Kalinne Cris (bióloga, especialista em Gestão e Perícia Ambiental), Renato Alves (biólogo), Mateus Chaves (técnico em Controle ambiental) e Marcela Almeida (engenheira florestal, especialista em Gestão Ambiental e mestre em Ciências Florestais).

 

 

Projeto
A planta-piloto do SENAI é um Sítio de Testes, em condições reais de operação, para futuros aerogeradores que serão implantados no mar do Brasil. O empreendimento será instalado no mar de Areia Branca – município a 330km da capital potiguar, Natal, e, segundo Mello, gera um caminho a ser trilhado pela atividade offshore – para que possa se instalar de forma mais segura e com o menor impacto possível no país. “É a quebra de gelo, o primeiro passo para que a indústria inicie de forma comercial no Brasil”, sintetizou.

 

Um edital multicliente para atração de investidores será lançado até agosto. “O valor do investimento será divulgado no lançamento desse edital, um JIP (Joint Industry Project) para que os parceiros interessados possam participar dessa investida conosco”, diz o diretor.

 

O Instituto SENAI prevê a instalação de dois aerogeradores, com potência somada de 24,5 Megawatts (MW), a uma distância de 15 a 20 quilômetros da costa e a uma profundidade de 7 a 8 metros no mar – a 4,5 km de distância do Porto-Ilha de Areia Branca, principal ponto de escoamento do sal produzido no Brasil. A expectativa da instituição é que o início da operação ocorra em até 36 meses.

 

A região escolhida como sede do projeto é considerada rasa e, segundo estudos desenvolvidos pelo ISI-ER, está distante de recifes de coral e das tradicionais zonas de pesca. A energia gerada vai abastecer o Porto, substituindo o uso de combustíveis fósseis na operação do terminal, com a consequente redução das emissões de gases do efeito estufa.

 

A licença prévia concedida pelo Ibama tem validade inicial de cinco anos e antecede a licença de instalação — cuja emissão é esperada pelo SENAI no prazo de 12 a 18 meses.

 

Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, o Sítio de Testes terá o objetivo de analisar o desempenho dos equipamentos de geração de energia eólica offshore em condições do mar equatorial brasileiro. Segurança e função, desempenho de potência, cargas mecânicas, ruídos, suporte e afundamento de tensão, além de qualidade da energia poderão ser avaliados na área.

 

Além disso, o objetivo é estudar, entre os aspectos fundamentais, se a instalação de usinas eólicas offshore provocará alterações no comportamento dos animais marinhos e das aves, mudanças na flora marinha, no fundo do mar, nas atividades existentes na área, na geração de empregos, no potencial crescimento da economia, além da necessidade de cursos profissionalizantes.

 

Texto e fotos: Renata Moura