Jovens brasileiros, ex-alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), ajudaram a redigir um documento com respostas a desafios globais que será entregue aos ministros de Educação dos 77 países integrantes da WorldSkills International, entidade que promove as carreiras técnicas pelo planeta. A Carta da Juventude foi aprovada, neste domingo (15), pelos 300 participantes do International TVET Youth Forum – fórum de profissionais de áreas técnicas com idades entre 17 e 32 anos. Entre as sugestões estão estímulos ao ingresso de mais mulheres em carreiras da área de tecnologia e incentivo ao empreendedorismo.

 

A conferência foi realizada pela primeira vez durante a WorldSkills, a maior competição mundial de educação profissional, que nesta 44ª edição ocorre em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. O Brasil foi representado por três campeões do torneio: Leonardo Rodrigues, 22 anos, ouro em Joalheria; Giovanni Kenji Shiroma, 22 anos, medalhista em Web Design, ambos no torneio realizado em São Paulo, em 2015, e Ricardo Calvi Vivian, 24 anos, primeiro lugar em Design Gráfico em Leipizig, na Alemanha, em 2013.

 

Os participantes do fórum dividiram-se em grupos que, entre agosto e setembro, discutiram online sete temas apresentados: Indústria 4.0, inovação, empreendedorismo, felicidade e tolerância, cidadania global e economia verde. Durante dois dias nos Emirados Árabes Unidos, eles se reuniram para finalizar os documentos de cada grupo e aprovar a carta final. O objetivo é transformar a WorldSkills, que reúne jovens e autoridades dos cinco continentes a cada dois anos, em um local de debates e estímulo a políticas públicas em temas que afetam a juventude.

 

INCLUSÃO E DIVERSIDADE

 

Giovanni Kenji Shiroma fez parte da equipe que discutiu “felicidade e tolerância” com a meta de responder à questão: como tornar o curso técnico mais inclusivo e com diversidade? Entre as propostas dos participantes estão atualizar a formação dos docentes com novas tecnologias e ferramentas educacionais, promover pesquisas para maior inclusão de jovens com deficiência em cursos de educação profissional e estimular o maior ingresso de mulheres em carreiras com atual predominância masculina.

 

Medalhista de ouro em Web Design em São Paulo 2015, Kenji diz que a inclusão de mulheres é um dos principais desafios da sua áreaGiovanni-380-151017.jpg Instrutor de cursos de Web Design em São Paulo, Kenji diz que a inclusão de mulheres é um dos principais desafios da sua área. “A gente vê uma sala de aula com 30 alunos e apenas um ou dois estudantes são mulheres. São recentes os incentivos para que elas escolham a área de TI e precisamos melhorar isso”, diz ele. “Acredito que essa é principalmente uma questão cultural, não tem como impor. Mas turmas de programação, por exemplo, voltadas a mulheres podem mostrar que existe um lugar para elas nesse campo”, completa.

 

EMPREENDEDORISMO

 

Já Leonardo Rodrigues, proprietário de uma empresa e um ateliê no Rio de Janeiro no qual desenha e fabrica joias, participou do grupo que discutiu como os governos podem aumentar os estímulos ao empreendedorismo. “A gente verdadeiramente acredita que o futuro da civilização global está nas mãos dos jovens empreendedores”, explica ele. “Quando você fomenta o empreendedorismo, mais pessoas têm acesso a trabalho, a renda, fazendo com que a economia global gire, dando acesso e oportunidades para jovens do mundo inteiro”.

 

O brasileiro Ricardo Vivian atuou como moderador desse grupo. Entre as sugestões formuladas pela equipe que contou com representantes de 15 países estão políticas públicas para estimular pequenos negócios formulados por jovens e taxação progressiva de impostos com subsídios oferecidos às micro e pequenas empresas.

 

A WorldSkills reúne em Abu Dhabi, até quarta-feira (18), mais de 1.200 jovens de 68 países em 52 ocupações. Os competidores são estudantes de cursos de educação profissional de até 23 anos de idade no ano em que se realiza o torneio. A delegação brasileira neste ano conta com 56 alunos e ex-alunos do SENAI e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), que vão competir em 50 ocupações. O Brasil é o atual campeão do torneio, ao conquistar 27 medalhas na última edição.